"Mesmo em outra realidade, se aproximam os conflitos, as vivências, os sentimentos daqueles que estavam "destinados" a se encontrar.
Eu não acredito em nada disso. Acho tudo muito bonito é verdade, mas tenho andado meio de saco cheio dessa nossa vontade (principalmente feminina) de romantizar. A gente mal conhece o cara (ou conhece, desconhece e reencontra tempos depois) e sempre dá um jeito de perceber algum sentido cósmico que nunca nem tinha estado ali. E se enche de certezas que só existem mesmo em filmes pra tentar se ancorar nas narrativas cor-de-rosa de sempre, aquelas mesmas que a gente rouba das comédias românticas... e então emburrece.
Podem me chamar de insensível. Às vezes uma noite de sexo bom é só uma noite de sexo bom, e é isso. E não precisa ser transcendental ou mágica ou incrível ou a melhor coisa que você já viveu na sua vida. E nem é!
Quantas e quantas vezes a gente não finge uma certeza que nunca nem teve só porque queria viver uma história bonita? E adia... e inventa... e suspira. Sozinha?
Nos filmes eu morro de achar lindo. Mas é que na vida real não é assim que as coisas funcionam. Os homens têm um modo muito mais prático de encarar os relacionamentos e a vida e, por mais que devamos preservar nossa subjetividade, nesse aspecto acho que devíamos aprender com eles um pouco.
É manter os pés no chão, cuidar de si mesma, viver quantas histórias quiser, mas tomar muito, muito cuidado antes de se abrir pra qualquer historinha e acreditar que é a do derradeiro romance! Não perceber isso machuca, faz mal pra nós mesmas e ainda deseduca a espécie. Acredite.
[Mas, sim, eu ainda acredito em romances... mas não acredito em amor que não seja construído aos poucos, todos os dias, e diante das qualidades e dos defeitos do outro. O encantamento é bonito, mas ainda acho que é mais bonito quando tem os seus pezinhos cravados no chão e é uma coisa de dois. Sei lá sobre o que estou dizendo... vai ver nem é pra mim. Ou pra você. Ou é. Vai saber.]
(Serendipities)
